LEILÃO DA COLEÇÃO SAINT LAURENT-BERGÉ ARRECADOU € 373,5 MILHÕES.
(ou 1,1 bilhão de reais)

A vasta coleção de móveis, obras de arte, antiguidades e objetos raros - 733 peças, reunidas ao longo de 50 anos, do estilista francês Yves Saint Laurent, morto em junho passado, e seu companheiro, co-fundador e ex-presidente da famosa grife que leva o nome do estilista, Pierre Bergé, foi leiloada entre os dias 23, 24 e 25 do mês passado; no museu do Grand Palais, em Paris.
A soma constitui um recorde no leilão de uma coleção privada. "ESTOU MUITO FELIZ ESTA NOITE. ESTOU CERTO DE QUE AQUELES QUE ADQUIRIRAM TODAS ESSAS OBRAS DE ARTE VÃO AMÁ-LAS", comentou Bergé, de 78 anos.

Na quarta-feira, último dia, dois bronzes chineses reclamados por Pequim foram vendidos por um total de € 28 milhões. Tratam-se das cabeças de rato e coelho em bronze da coleção de arte de Yves Saint Laurent, símbolo de humilhação na China porque recordam um dos piores episódios da invasão do país por tropas da França e Reino Unido, potências coloniais em 1860.
CONTROVÉRSIA POLÍTICA
As peças em bronze, que procedem da fonte zodiacal do Palácio de Verão do imperador Quianlong (1735-1795), noroeste de Pequim, saqueado em 1860 por soldados franceses e britânicos, deram um toque político ao leilão parisiense. O governo da China tentou impedir a venda das duas peças, mas a justiça francesa rejeitou o pedido apresentado por advogados chineses. "O saque do Palácio de Verão (Yuanmingyuan) por franceses e britânicos permanece na memória dos chineses como um crime imperdoável. Para os franceses, seria como se os prussianos em 1870 tivessem arrasado Versalhes, saqueado o Louvre e incendiado a Biblioteca Nacional", explica Bernard Brizay, autor de um livro sobre esse episódio.
Durante a segunda guerra do ópio, em outubro de 1860, as tropas francesas e britânicas invadiram Pequim, depois da negativa da corte imperial de autorizar a abertura de embaixadas como estabelecia o tratado de Tianjin, assinado dois anos antes. Os soldados saquearam o antigo Palácio de Verão e depois o incendiaram em represália pela morte e tortura de reféns ingleses e franceses. Este palácio era uma maravilha de estilo ocidental, construído com a ajuda dos jesuítas, na zona nordeste da capital chinesa, onde os imperadores se refugiavam do calor de verão insuportável da Cidade Proibida.
Na véspera, a China denunciou o que considera uma "chantagem política" por parte de Pierre Bergé, o companheiro de Saint Laurent, que disse estar disposto a entregar os dois bronzes chineses de sua coleção em troca dos direitos humanos e do retorno do Dalai-lama ao Tibete, informa a imprensa. "Exercer uma chantagem política é prosseguir de fato com a política baseada na força, algo que a História rejeitará", declarou Jiang Kun, membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e vice-presidente da Associação Chinesa de Artes Folclóricos.
Wang Qiutong, presidente de uma associação cultural de Hong Kong, declarou à imprensa: "Há 150 anos, incêndio e saque; 150 anos depois, chantagem. O comportamento de Pierre Bergé é pura e simplesmente uma lógica de gangster".
By Duds
Fonte: BBC/ Folha Online
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